domingo, 7 de junho de 2009

O espetáculo da notícia

Ao longo da história, a comunicação sofreu diversas mudanças. Entre elas, houve o surgimento do Jornalismo de revelação, que se preocupa principalmente com escândalos e em expor a vida privada de indivíduos.

Atualmente, os produtos da mídia se tornaram mercadorias. Na busca pela audiência, a ética e a moral acabam esquecidas. Sendo assim, vale sensacionalismo, notícias mal apuradas, fofocas, etc. É uma vulgarização e manipulação do que é noticiado, com o único objetivo de conquistar a maior quantidade de espectadores.

A notícia foi transformada em instrumento competitivo de emissoras e jornais. Essa concorrência acaba prejudicando a formação de uma opinião pública e sensata. Os jornalistas e os jornais estão, cada vez mais, trabalhando com a idéia de que “o que é bom é aquilo que o público gosta”.

Portanto, muitas vezes manipulam fatos para tornar a matéria mais atraente para uma população, que por sua vez está mais preocupada em apenas consumir e não em se informar. O povo gosta de sensacionalismo e de informações exageradas. No entanto, esse formato de informação, sem uma apuração adequada, possivelmente acaba implicando em um final trágico. Um exemplo desse tipo de situação, foi o caso dos diretores de uma escola em São Paulo, que foram acusados de molestar seus alunos. O casal sofreu as conseqüências e foi preso. No entanto, quando houve uma investigação correta, foi comprovado que as acusações eram falsas. Contudo, não importa o que se fizesse agora, os diretores já tinham danos permanentes em suas vidas.

No livro "A Tirania da Comunicação", Ignacio Ramonet comenta sobre o caso Princesa Diana e o caso Clinton-Lewinsky, “exemplos de supermidiatização que nem sempre significa boa informação”.

No caso Bill Clinton, a imprensa americana exagerou no volume, na banalidade e na grosseria com que tratou o assunto. Houve uma cobertura competitiva, com excesso de fofocas e um “jornalismo investigativo” sem fatos nem fontes.
Com relação à princesa Diana, o caso foi mais sério. Como conseqüência da negligência dos paparazzi, Lady Di e seu namorado, Dodi al-Fayed, morreram em um acidente de automóvel. Fotógrafos perseguiram Diana e seu affair, resultando na colisão do carro em que estavam. O mundo parou para assistir o funeral da “Princesa do Povo”.

Essa questão da imprensa manipular informações e tratar a notícia como um espetáculo é muito bem retratada no clássico do cinema americano, "A montanha dos sete abutres", que é uma lição de jornalismo e mostra como a mídia se comporta. O filme, dirigido por Billy Wilder, trata de um jornalista inescrupuloso que faz de tudo por uma notícia de grande repercussão, mesmo que falsa. Em uma de suas falas o protagonista comenta: “Eu posso cuidar de grandes notícias e pequenas notícias, e se não houver eu saio e mordo um cachorro”. Apesar de antigo, o filme mostra o que ocorre atualmente, jornalistas que não estão preocupados com a notícia, mas sim com a autopromoção.

Percebe-se, então, que a imprensa tem a necessidade da notícia de impacto, que venda, independente da verdade.

Ana Carolina Marcelino

Entrevista com Marcos Melo

Entrevistamos na última sexta-feira o professor Marcos Melo, 49 anos, formado em Ciências Sociais pela PUC São Paulo, com especialização em Globalização e Cultura. Durante a conversa, foram discutidos vários fatos sobre a ditadura e censura no período militar, enfatizando os movimentos a favor da democratização do país.

Um assunto muito pertinente aos jornalistas foi a posição da grande imprensa no período, a qual teve uma dupla-opinião. No começo apoiando o golpe que, de acordo com a capa do jornal O Estado de São Paulo: "Os democratas dominam a nação", mostrou um apoio à ditadura. Posteriormente, com o aumento da repressão, essa postura mudou, trazendo críticas ao governo da época. Como as margens amarelas no jornal A Folha de São Paulo durante as campanhas para as Diretas Já.

Questionamos como a esquerda tentava acabar com a ditadura e sua luta contra os abusos. "O partido comunista não se envolveu na luta armada, os que não concordavam formavam as guerrilhas", afirmou Marcos. O professor disse ainda que os esquerdistas mais brandos lutavam dentro da legalidade, se candidatando a cargos como vereador e deputado, e achavam que a luta armada dava mais motivos para continuar com a repressão.

O entrevistado relatou fatos que ocorreram dentro de sua própria família: "Tenho algumas pessoas na minha família que foram atuantes. Não chegaram a luta armada, mas foram obrigados a sair do Estado de origem, porque corriam o risco de serem presos." Ele comentou que desde cedo convivia com a tensão de ser preso e que sempre soube mais, do que seus colegas, sobre o que realmente acontecia.

Durante a ditadura houve também uma censura moral, ela não queria passar para a sociedade que estava só reprimindo, mas sim que veio para moralizar. Dessa forma atingiu bastante as famílias mais conservadoras, pois censurava várias músicas, hoje consideradas bregas. O episódio mais famoso foi a música "Pare de tomar a pílula" do Odair José, porque nesse período estava ocorrendo a campanha de controle de natalidade e por isso foi censurada.


Isabela Gregório e Deborah Scarone.

Cultura sim, censura nunca mais


O Brasil vivenciou um período de Ditadura Militar entre 1964 e 1985. Essa época teve como característica principal a ausência de democracia, suspensão de direitos constitucionais, censura e perseguição política.

Quando houve o golpe militar, o país tinha os movimentos políticos mais organizados da sua história. Sindicados, movimentos estudantis, todos estavam engajados em entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e o CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), que tinham grande representatividade na política da nação. Entretanto, com o regime militar, essas entidades foram asfixiadas. No dia 13 de dezembro de 1968, o presidente Costa e Silva, assina o Ato Institucional n°5, o AI-5. O que até então era uma ditadura mascarada, passa a ser uma ditadura escancarada. Daquela data até 1979, quando é assinada a anistia, o Brasil passa por um período nebuloso, e no âmbito cultural não foi diferente.

Ali a violência se impôs através da censura.
Reprimidos, os estudantes, os músicos e a esquerda em geral, passaram a utilizar a música como principal modo de se expressar. Nas letras havia um questionamento da situação pela qual o Brasil estava passando. Com a ousadia de falar o que não era permitido à nação, a Música Popular Brasileira começa a atingir as grandes massas. Para podar essa arte e acabar com a liberdade de expressão da sociedade, foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP). Sendo assim, com o objetivo de driblar a censura, os artistas utilizavam metáforas em suas músicas. Porém, mesmo com esse recurso, ainda corriam o risco de serem censurados, exilados e até torturados.

Geraldo Vandré foi um dos primeiros artistas perseguidos pela ditadura militar. Em setembro de 1968 o compositor participou do Terceiro Festival Internacional da canção, com a música “Pra não dizer que não falei de flores”, considerada hino de contestação de jovens brasileiros. A música foi proibida de ser veiculada, e Vandré foi exilado de 1969 a 1973.

Chico Buarque também foi um grande alvo do regime militar. Censurado inúmeras vezes, Chico deixava claro o seu descontentamento perante a situação que o Brasil se encontrava. Quando voltou do exílio compôs a música "Apesar de você". A canção foi aprovada e gravada. No entanto, após o sucesso, a música foi vetada por conter duplo sentido. O que aparentemente não passava do relato de uma briga de um casal, era na realidade uma referência ao presidente Médici, que estava no poder. "Cálice" foi outra canção do compositor com grande repercussão, sendo proibida de ser gravada ou se quer cantada.
A censura não era um artifício usado apenas para combater músicas de protesto. Ela podava tudo o que era possível, barrava qualquer obra que pudesse ameaçar a moral da sociedade conservadora, que era a favor do regime. Músicas bregas, popularescas, como o sucesso "Pare de Tomar a Pílula", ou que continham palavras que não agradavam o regime, também eram censuradas.

Outro movimento musical reprimido pela ditadura militar foi o Tropicalismo, também conhecido como Tropicália. Na realidade, o movimento tropicalista não teve como principal objetivo o combate à ditadura militar. Os tropicalistas acreditavam que a inovação musical em si, já era uma forma revolucionária. A participação deles na cultura foi mais crítica do que política. Exatamente por isso, os estudantes engajados e aqueles que defendiam músicas de protesto, não apoiaram o movimento. Utilizando guitarras elétricas em suas músicas, também eram criticados por músicos mais tradicionais e nacionalistas que alegavam que essa influência da cultura pop-rock americana prejudicaria a música brasileira. Em 1984, políticos de esquerda, artistas e milhões de brasileiros fizeram parte das Diretas Já!, movimento que era a favor das eleições diretas para presidente.

Fazendo parte da Aliança Democrática, o deputado Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral, em 1985, o novo Presidente da República. Acabara ai o regime militar. No entanto, Tancredo ficou doente e faleceu. Consequentemente quem assumiu o poder foi o vice-presidente José Sarney e em 1988 foi aprovada uma nova constituição, que estabeleceu princípios democráticos no país. Foi o fim de uma época obscura em que a liberdade de expressão e organização era praticamente inexistente.



Ana Carolina Marcelino

O progresso dos Blogs

No mundo virtual existem vários sites e formas de se relacionar, um exemplo disso são os blogs. O desafio de postar diários pessoais na rede, entre o início e o final da década de 1990, fez parte do que a americana Chris Sherman, editora assistente do Search Engine Watch (http://www.searchenginewatch.com) chamou de “primeira onda da web escriturável'”. Segundo ela, este período esteve limitado pela oferta de ferramentas que facilitasse a postagem de diários on-line na rede.

Já a Segunda Era dos blogs veio com a criação de ferramentas especializadas, por empresas como a Pitas (www.pitas.com) que criou o primeiro software grátis e depois o americano Evan Williams, e a empresa Pyra Labs criou ferramenta semelhante, o Blogger (www.blogger.com). A principal diferença foi na velocidade da criação, postagem e atualização dos ciberdiários. Dessa forma qualquer pessoa que dominasse o inglês básico poderia entender a forma como os blogs funcionavam.

Apesar de a maioria dos blogs serem utilizados como diários, eles também possuem diferentes e múltiplas faces, onde misturam página pessoal, fórum, links, comentários e pensamentos pessoais, ensaios ou lugar onde se escreve de tudo ou sobre nada.

Segundo informações do Blogger, hoje os blogs já passam de 800 mil em todo o mundo. No Brasil eles ganharam mais força no ano de 2000. Com esse aumento no número de usuários, a ligação entre os blogueiros se tornou mais ampla, formando assim várias comunidades bloggers.

Entre os primeiros divulgadores está o analista de sistemas de Brasília, Marcus Amorim, que criou em março de 2000, o blog www.zamorim.eti.br quando, segundo ele, ainda não existiam ciberdiários em português. O weblog traz comentários sobre temas variados como política, curiosidades científicas, informática e entretenimento.

Os blogs são meios utilizados para mostrar a opinião das pessoas de uma forma mais pessoal, e possui uma capacidade de interligar as opiniões dos blogueiros. Não há mais a necessidade de ser um especialista na construção de páginas na internet. Hoje os processos são simples e rápidos podendo ser realizados de qualquer computador ligado à rede da internet.

Assim, um veículo que inicialmente era composto por textos e fotos de temas livres, atualmente ele serve como meio divulgador de trabalhos dos internautas, como blogs satíricos, de fotógrafos, escritores, críticos e até mesmo jornalísticos, que possibilita o profissional ter mais liberdade em se expressar e fazer parte do mercado alternativo.

Nídia Bomtempo e Patrícia Alves



Experiências da turma com os blogs: vantagens e limitações